Exposição inédita apresenta obras do pintor e escultor espanhol Joan Miró

Posted on 5/26/2015 by UNITED PHOTO PRESS MAGAZINE

Joan Punyet, catalão neto de Joan Miró 
e curador da exposição.
"Joan Miró - A força da matéria" fica até 16 e agosto no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

A Santíssima Trindade das artes plásticas da Espanha inclui Pablo Picasso, Salvador Dali e Joan Miró. Este último talvez seja o menos famoso do trio, porém, não menos relevante.

Desde domingo, a obra do catalão está em exposição para o público brasileiro numa grande mostra organizada pelo Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Porém, antes da abertura oficial e das filas que já estão se formando na porta do instituto no bairro de Pinheiros, Zona Oeste da capital, a reportagem do A Cidade conferiu de perto a exposição.

Montada de forma cronológica, “Joan Miró – A Força da Matéria”, traz um recorte de cerca de 50 anos de produção. Foi delineada pela Fundação Joan Miró, com sede em Barcelona, onde o artista nasceu, e apresenta obras nas técnicas de pintura, gravura e escultura.

A surpresa durante a visita monitorada dedicada à imprensa, na última sexta-feira, foi a presença do neto do catalão, Joan Punyet Miró, um dos curadores da fundação. Alegre e extrovertido, Joan deu uma aula sobre o trabalho do avô enquanto mostrava o acervo em exposição no Instituto Tomie Ohtake. São 112 obras do artista espanhol, sendo 48 delas de colecionadores e duas inéditas, nunca expostas.

“Miró era um artista difícil de se qualificar. Por isso a mostra traz vários momentos distintos de sua produção, que começa lá nos anos 1920, num período e que vivia com dificuldades em Paris. Em seus quadros, você percebe figuras torturadas, mas com símbolos poéticos”, explica o curador.

Atelier

Décadas depois, Miró tornou-se um pintor e escultor renomado. “A Força da Matéria” conta com trabalhos dessa fase prolífica, que teve seu grande momento nos anos 1950, quando o espanhol já contava com um amplo ateliê em Mallorca, na Espanha.

“O espaço do ateliê lhe permitiu trabalhar com obras de grandes formatos, onde pintava vários trípticos [conjunto de três telas com a mesma temática]”, conta o neto.

A mostra traz ainda várias esculturas do catalão, num período em que ele buscava novos caminhos para sua arte. Joan Punyet diz que Miró utilizava bronze do século 4 A.C. para suas peças, o que dá um aspecto antigo, mas ao mesmo tempo moderno ao trabalho. “O bronze, para ele, era uma forma de criar figuras para a eternidade”, diz Punyet. O repórter viajou a convite da Arteris, patrocinadora da exposição.

‘O mais surrealista de todos’, diz neto

Apesar de não ter seguido rigorosamente uma escola artística, Joan Miró é considerado por muitos um representante do surrealismo. Mas suas telas abstratas têm pouco a ver com o trabalho de outros célebres surrealistas como Salvador Dali ou Magritte.

“Porém, Miró era o mais surrealista de todos porque ele era uma metáfora viva, com sua mão livre, quase pré-histórica. Miró é um artista que não deixou seguidores e nem escolas”, garante Joan Punyet. 
Para quem não está acostumado com o estilo muitas vezes minimalista do espanhol, pode estranhar seus desenhos quase infantis. Mas Punyet não deixa dúvidas. “Para Miró, o mais importante não era ver o mundo com os olhos, mas sim com o coração. Era um poeta das telas”, ressalta.

Serviço
Joan Miró - A Força da Matéria 
Até 16 de agosto no Instituto Tomie Ohtake (Av. Faria Lima, 201 - SP)
Ingressos a R$ 10
nf.: (11) 2245-1900